BEM VINDOS À POESIA


domingo, 23 de outubro de 2011

ACROBACIAS 2




Este poema era meu. Agora não é mais Nº2

Baseado na Oficina do Escritor Carlos Augusto Lima





ACROBACIAS NO "BUSÃO"


Eu sou o acrobata do busão e ninguém percebe.

Estico braço pro sinal, pulo pra trás pra evitar a colisão,

Corro e me espremo no meio da multidão.

Subo os degraus feito recheio de pastel.

Sou contorcionista entre os passageiros.

E no labirinto formado por corpos humanos,

Uns suados, outros perfumados,

Uns magros, outros gordos,

vou contornando até chegar a roleta.

E mais malabarismos faço,

com o indicador direito aliso, aliso

pra liberar a passagem.

E faço contorcionismo. 

Tento abrir Os Contos da Rua Brocá,

viajar nas aventuras, mas os vidros fechados, tiram-me o ar

então sinto vertigem.

Já tentei o Pequeno Príncipe, mas seu mundo genial estava fechado

pra tanta opressão.

Então volto pro mundo interior do ônibus

reparo as espécies humanas, apertadas, cansadas, falantes, ofegantes

Sento no banco de trás e ninguém me vê.

Respiro o ar que não é só meu.

Observo os rostos enigmáticos, também acrobatas.

Que lutam e sonham como eu.


Sueli Rodrigues

2 comentários:

  1. Meu ônibus nem é tão cheio,
    os perfumados e magros não embarcaram,
    mas no lugar, um DJ mandaram.
    E meu único sonho na condução
    é um lugar pra sentar,
    algum espaço livre
    e um pouco de ar.

    Flávio & Fernanda

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  2. o comentário a 4 mãos deu uma ideia para novo poema do cotidiano, comparando a Elite que faz verdadeiro turismo pra chegar ao trabalho e a estudante que com tanto mimo, roupas de marca, escola da boa, sofre tanto quanto qualquer mortal na hora que precisa voltar pra casa...

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